Durante a realização de atividades físicas, aumenta-se o consumo de oxigênio, e ativam-se vias metabólicas específicas. Com isso, há um aumento na produção de radicais livres de oxigênio.
Mas será então que a atividade física é prejudicial à saúde por aumentar a concentração dessas moléculas em nosso organismo?
Felizmente o que ocorre é o contrário, ao se desenvolver um treinamento físico gera-se a exposição crônica ao estresse oxidativo. Essa exposição é capaz de desencadear adaptações a maior produção de radicais livres, o que tende a proteger-nos dos efeitos malignos decorrentes dos altos níveis desses compostos. A seguir explicaremos melhor como isso ocorre.
Primeiramente, é importante que saibamos que as moléculas de radicais livres possuem papel importante em algumas funções fisiológicas, como: ativação do sistema imunológico (macrófagos utilizam peróxido de hidrogênio para combater antígenos); desintoxicação de drogas; produção do fator relaxante derivado do endotélio, o óxido nítrico, extremamente importante nos processos que desencadeiam o relaxamento dos vasos sanguíneos. Esse entendimento nos ajuda a compreender a os radicais livres não possuem apenas aspectos negativos.
Na década de 80, foram realizados estudos, os quais mostraram que a realização de exercícios físicos regulares, promoveu danos ou envelhecimento acelerado nas células musculares das cobaias utilizadas. Quando submetidos a treinamento exaustivo em esteira, o ser humano apresenta danos, por exemplo, ao DNA de leucócitos com pequenas extensões, o que sugere que as adaptações ao treinamento de resistência aeróbica reduzem os efeitos do estresse oxidativo.
Estudos sugerem que essas adaptações são tecido-específicas, ou seja, o mecanismo regulatório desse processo adaptativo apresenta alto grau de complexidade.
Essas modificações sofridas pelo organismo baseiam-se na atuação de uma série de sistemas. Os sistemas enzimáticos, compostos pela superóxido dismutase, catalase, glutationa peroxidase, e os não enzimáticos, compostos por ceruloplasmina, hormônios sexuais, coenzima Q, ácido úrico, proteínas de choque térmico e outros, constituem os mais importantes.
Apesar da ainda não haver consenso quanto ao mecanismo que se dão essas adaptações, sabe-se que exercícios de longa duração e alta intensidade proporcionam maior resistência tecidual a injúrias oxidativas por radicais livres.
Entre outras melhoras no funcionamento dos nossos sistemas orgânicos que a realização de atividades físicas proporciona, está a melhora da eficiência cardíaca, constatada, através de estudos detalhados, inclusive em indivíduos idosos. Nesse caso observa-se diminuição da frequência cardíaca, em repouso e durante a realização de atividades físicas, o que representa um importante fator para diminuição de riscos de acidentes vasculares.
Infelizmente, as técnicas de detecção e avaliação do estresse oxidativo, em sua maioria não são eficientes quando aplicados para exercícios de curta duração. Por esse motivo, para fins de estudos, devem-se utilizar protocolos que contemplem exercícios de longa duração e/ou extenuantes associados a dietas específicas, ricas em nutrientes antioxidantes.
Portanto, caros leitores, exercícios físicos são extremamente importantes para se manter uma boa qualidade de vida. Mas é imprescindível o acompanhamento de profissionais qualificados para aperfeiçoar os resultados do seu treinamento.
Obrigado, e até breve.
Referências bibliográficas:
Nenhum comentário:
Postar um comentário